quarta-feira, 18 de agosto de 2010

E eu passava a minha vida assim, aturando todas as grosserias, todas as malvadezas. Até todas as pessoas que viessem a faze-las comigo. até que um dia -hoje- eu cheguei a um ponto em que cansei, cheguei a um ponto em que me sinto em demasia fragilizada, e que se alguém apenas olhar pra mim de um jeito que eu julgar estranho eu começo a chorar.
Sinto essa vontade o tempo todo, cheguei a ponto tal, que fui empurrando as pessoas menos importantes assim, às margens, empurrando-as para fora da minha vida, para fora de mim.
E agora o que me resta são as pessoas que se importam o suficiente pra ficar, e mesmo assim, não consigo parar de tentar afasta-las. Estou escrevendo essa carta não sei pra quem eu a enviaria. Acho que ninguém se importa. Afastei de tal modo as pessoas que habitavam a mim, que agora só o que me resta sou eu mesma, e eu não tenho certeza que isso me e suficiente.

Me sinto sozinha o tempo todo, solitária. Nâo importa quem está em volta. 'eu preciso de um colo que ninguem me dá, mas tudo bem'* As vezes eu lembro dessas pessoas que eu marginalizei para fora do centro, do meu centro. e tenho saudades, saudades de tudo que passamos juntos. Mas sinto essas saudade sem nenhuma nostalgia, sem nenhuma vontade de voltar. Voltar agora seria como andar para trás, regredir. Ninguém anda para trás com a certeza do que o aguarda. Pelo menos para frnte eu sei o qeu me espera.

Então eu ando para frente, vagarosamente e com vontade de olhar pra trás. mas ainda sim, ando pra frente. passado não preenche ninguém. e ando com fé, ' existe algo mais destrutivo do que continuar sem fé nenhuma?'*
Enquanto eu escrevo essa carta sem destinatário, uma certa paz me acalma, se eu, somente eu, não for o suficiente pra mim mesma, nada nem ninguém será. E talvez, as pessoas marginalizadas por mim, só estivessem de passagem.
É preciso abrir espaço para as pessoas novas, e tão importantes quanto - ou mais- as que persistiram em ficar. ' a pessoa que vem é sempre a pessoa certa'** Ninguém que é marginalizado não se deixou marginalizar, se não sair do centro. Querida mamãe agora me fica claro que essa carta é pra voce, sempre foi, desde seu começo.
Pra voce que nunca se deixou tirar do centro, nem eu me perder dele. Acho que nós duas sabemos que se não fosse voce, minhas neuroses já haveriam me consumido, eu já não iria poder mais respirar.
Obrigada por tudo,

seu bebê.


* caio fernando abreu

** principio budista (?)

Nenhum comentário:

Postar um comentário